A _ cor _ dar , é preciso !
segunda-feira, dezembro 31, 2018
sábado, dezembro 29, 2018
sexta-feira, dezembro 28, 2018
Côr de Amém
Liberdade , que estais no céu ...
Rezava o padre-nosso que sabia ,
A pedir-te , humildemente ,
O pio de cada dia .
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia .
Liberdade , que estais na terra ...
E a minha voz crescia
De emoção .
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração .
Até que um dia , corajosamente ,
Olhei noutro sentido , e pude, deslumbrado ,
Saborear , enfim ,
O pão da minha fome .
Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome .
Miguel Torga,
imagem _ Pam Hawkes _
Amém !
terça-feira, dezembro 25, 2018
Côr de Gente necessária
Ontem ,
fui ao mercado cá da terra , para comprar tremoços .
Faço - o há anos no sítio da mesma Senhora .
Já vinha embora , quando escutei . . .
_ A senhora tem coisas mais bonitas e valiosas , mas
gostava de lhe oferecer isto _ .
Quando olhei para " isto " . . .
dei - lhe um abraço e balbuciei obrigada , enquanto
as lágrimas queriam saltar dos olhos .
Foi o único presente que aceitei [ pedi aos amigos e conhecidos
que não me oferecessem objectos ,apenas afecto , caso possível]
Coloquei - o junto do único que tinha , e guardo com
carinho , porque também tem uma estória especial .
Ontem fiquei com o coração mais quente ...
e mais uma vez , com a certeza que os
anjos existem , e que aparecem quando
estamos quase a cair .
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Presépios . Coisitas minhas
segunda-feira, dezembro 24, 2018
domingo, dezembro 23, 2018
Côr de segunda visitação de Jesus
E
Ele desce .
Chega num guarda chuva aberto .
Um vento inesperado mantém - no a
flutuar algum tempo sobre o gentio .
Agarrado ao guarda chuva com ambas
as mãos , o filho de Deus não consegue
evitar que o vento lhe levante a túnica
e revele as suas humanas nudezas .
Por causa do vento , cai na fonte .
Os devotos mudos diante do milagre ,
vêem - no emergir das águas entre os
anginhos de mármore .
Jesus sacode - se como um cachorro
molhado .
As pessoas assistem imóveis ao espectáculo .
Imóveis e caladas .
Na praça , santuário das aparições ,
os pobres querem ser ricos
e os ricos querem ser poucos ,
os negros querem ser brancos
e os brancos querem ser eternos ,
as crianças querem ser grandes
e os grandes querem ser crianças ,
os solteiros querem casar - se
e os casados querem enviuvar .
_ Habitados habitantes ! _ clama Jesus ,
_ Ontem direi o que digo !
Vós estamos loucos !
imagem _ Loui Jover _
quinta-feira, dezembro 20, 2018
Côr de Natal . . .
As
luzes , os enfeites , acompanhando
as frases . . .
neste Natal compre , neste Natal ofereça ,
sugestões para presentes da ultima hora . . .
não me deixam ver o Natal !
imagem _Katia Chausheva _
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Natal . Coisitas minhas .
terça-feira, dezembro 18, 2018
domingo, dezembro 16, 2018
quinta-feira, dezembro 13, 2018
Côr de o nosso humor
A diferença entre a poesia e a prosa está no leitor ,
e
até mesmo , naquilo que é chamado qualidade .
Daí , precisarmos de calma para ter alma !
imagem _ Jonathan Wolstenholme _
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coisitas minhas,
leituras .
sábado, dezembro 08, 2018
Côr de crianaça evaporada
Era uma menina
com a tristesa
afiada ,
silenciosa e bravia
tão magra
quanto uma haste
com a sua flor arrancada .
Delicada e arredia
olhos
de tília dobrada
e uma certa aspereza
fria
de criança evaporada .
Maria Teresa Horta _ Estranhezas _
imagem _ Tania B _
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Estranhesas,
Maria Teresa Horta
Côr de Asa
De súbito
Dürer...
a asa que pintastehá séculos
ganha voo
com a sua dúctil
e indócil beleza
Com a sua estranheza
Maria Teresa Horta _ Estranhezas _
imagem _ Albert Dürer _
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Albrecht Dürer:,
Maria Teresa Horta
sexta-feira, novembro 30, 2018
Côr de dez reis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem ,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse .
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente ,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela ,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela ,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram , viram , ouviram ,
viram , e não perceberam ,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto ,
flores sem caule , flutuando
no pranto do desencanto ,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue ,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue .
António Gedeão
imagem _ Isaiah Stepens _
domingo, novembro 25, 2018
quinta-feira, novembro 22, 2018
Côr de Miura ( não esquecendo o cavalo )
Fez um esforço.
Embora ardesse num formigueiro de desespero fez um esforço e mediu com quanta calma pôde a situação .
Embora ardesse num formigueiro de desespero fez um esforço e mediu com quanta calma pôde a situação .
Estava, pois, encurralado, entre
quatro paredes, sem poder dar um passo, à espera de que lhe chegasse a vez! Um
ser livre da lezíria, um toiro nado e criado na planície sem fim do Ribatejo,
de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão!
Contra sua vontade, uma onda de
calor tapou-lhe o entendimento por um segundo. O corpo, inchado de raiva,
empurrou as paredes como um Sansão.
Nada. Os muros eram resistentes,
à prova de quanta força e quanta justa indignação pudesse haver. Os homens, só
assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com paredes
de cimento armado entre eles e a razão dos mais...
Palmas e música lá fora. O
Malhado dava gozo às senhorias...
Nova agitação funda o estremeceu
inteiro. Dali a nada, ele. Ele, Miura, o rei da campina!
A multidão calou-se. Começou a
ouvir-se, sedante, nostálgico, o som grosso e pacífico das chocas.
A planície!... A infinita e mansa
planície, loira de sol e trigo... O lago sem fundo de luar, com bocas mudas,
limpas, a ruminar o tempo… A fornalha escaldante, sedenta, desesperante, com
cega-regas ásperas como praganas…
Novamente o silêncio. Depois, ao
lado, passos incertos de quem entra vencido e humilhado no primeiro buraco...
Outra vez o silêncio. O silêncio
fundo, pesado, de desgraça que ainda não acabou.
A planície...
Um som fino de corneta.
Estremeceu. Seria agora? Teria
chegado, enfim, a sua vez?
Não chegara. A porta que se abriu
não foi a sua, e o rugido de desespero que se ouviu a seguir era do Bronco.
Sem querer, cresceu outra vez todo
para as paredes estreitas do curro. Mas a indignação e os músculos deram em
pedra fria.
A planície... O bebedoiro da Terra-Velha,
fresco, com água limpa a espelhar os olhos...
Assobios.
O Bronco não fazia bem o papel...
Um toque estranho, triste, calou
a praça e rarefez o curro.
Rápida e vaga, a sombra do
companheiro passou-lhe pela vista turva. Apertou-se-lhe o coração. Que seria?
Palmas, música, gritos.
Um largo espaço assim, com o
mundo inteiro a vibrar para além daquelas paredes. Algum empo depois, novamente
o silêncio e novamente as notas lúgubres do clarim.
Todo inteiro a escutar o dobre a
finados, abrasado de não sabia que lume, Miura tentava em vão encontrar no
instinto confuso o destino do amigo.
Subitamente, abriu-se-lhe sobre o
dorso um alçapão, e uma ferroada fina, funda, entrou-lhe na carne viva. Cerrou
os dentes de dor e cresceu quanto pôde.
Desgraçadamente, não podia nada.
O senhor homem sabia bem quando e como as fazia. Mas por que razão o espetava
daquela maneira?
Três pancadas secas na porta, um
rumor de tranca que cede, uma fresta que se alargou, eram-lhe num relance a
explicação do enigma da agressão: chegara a sua vez.
Nova ferroada no lombo.
Miura! Cornudo!
Dum salto todo muscular, quase de
voo, estava na arena.
Pronto!
A tremer como varas verdes, de
cólera e de angústia, olhou à volta. Um muro e, para lá dele, gente, gente, sem
acabar.
Com a pata nervosa escarvou a
areia do chão. Um calor de bosta macia correu-lhe pelo rego do servidoiro.
Urinou sem querer.
Gritos da multidão.
Que papel ia representar? Que se
pedia do seu ódio?
Hesitante, um homem magro,
doirado, entrou no redondel.
Olhou-o a frio. Que força traria
no corpo mirrado, nas mãos amarelas, para se atrever assim a transpor a
barreira?
A figura franzina avançou.
Admirado, Miura olhava aquela
fragilidade de dois pés. Olhava-a sem pestanejar, olímpica e ansiosamente.
Com ar de quem joga a vida, o
manequim de lantejoulas caminhava sempre. E, quando Miura o tinha já à
distância dum arranco, e ainda sem compreender olhava um tal heroísmo,
enfatuadamente o outro bateu o pé direito no chão e gritou:
- Eh! boi! Eh! toiro!
A multidão dava palmas.
- Eh! boi! Eh! toiro!
Tinha de ser. Já que desejavam
tão ardentemente o fruto da sua fúria, ei-lo.
Mas o homem que visou, que atacou
de frente, cheio de lealdade, inesperadamente transfigurou-se na confusão de
uma nuvem vermelha, onde o ímpeto das hastes aguçadas se quebrou desiludido.
Cego daquele ludíbrio, tornou a
avançar. E foi uma torrente de energia ofendida que se pôs em movimento.
Infelizmente, o fantasma, que
aparecia e desaparecia no mesmo instante, escondera-se covardemente de novo por
detrás da mancha atordoadora. Os cornos ávidos, angustiados, deram em cor.
Mais palmas da multidão.
Parou. Assim nada o poderia
salvar. À suprema humilhação de estar ali, juntava-se o escárnio de andar a
marrar em sombras. Não. Era preciso ver calmamente. Era necessário que a sua
raiva fosse ao menos de encontro a uma das causas dela.
O espectro doirado lá estava
sempre. Pequenino, com ar de troça, olhava-o como um brinquedo com que já
brincara.
Silêncio.
Esperou. O homem ia desafiá-lo
certamente outra vez.
Assim era. Inteiramente confiado,
senhor de si, veio vindo, veio vindo, até lhe não poder sair mais do domínio
dos chifres.
Agora!
De novo, porém, a nuvem vermelha
apareceu. E de novo Miura gastou nela a explosão da sua dor.
Palmas, gritos.
Desesperado, tornou a escarvar o
chão, agora com as patas e com os galhos.
O homem!
Mas o inimigo não desistia.
Talvez para exaltar a própria vaidade, aparentava dar-lhe mais oportunidades.
Lá vinha todo empertigado, com dois
pequenos paus apontados, e a gritar como há pouco:
- Eh! toiro! Eh boi!
Sem lhe dar tempo, com quanta alma
pôde, lançou-se sobre o adversário, disposto a tudo. Não trouxesse ele a nuvem
vermelha e veríamos!
Não trazia. E, por isso, quando
se encontraram e o outro lhe pregou cachaço, fundas, dolorosas, as duas farpas
que trazia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga
mole.
Gritos. Novamente a nuvem
vermelha.
Passada a bruma que se lhe fez
nos olhos, relanceou a vista pela praça toda.
Então?!
Então?!
Como não recebeu qualquer
resposta, desceu solitário à terra do seu martírio. Lá levavam o moribundo em
braços, e lá saltava na arena outro farsante doirado.
Esperou. Se vinha sem o pano
vermelho, sem a mágica força que o cegava e lhe perturbava o entendimento,
morria.
Mas o outro trazia a nuvem.
Apesar disso, avançou. Avançou e
bateu, como sempre, em algodão.
Voltou à carga.
O corpo fino do toureiro, porém,
fugia-lhe demoniacamente.
Protestos da multidão.
Avançou de novo. Os olhos já lhe
doíam e a cabeça já lhe andava à roda.
Humilhado, com o sangue a
ferver-lhe nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num desespero
sem limites. Miura, joguete nas mãos dum zé-ninguém!
Num relâmpago, sem dar tempo ao
farsante, caiu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava o muro.
Desesperado, espetou os chifres
na tábua dura, em direcção à barriga do inimigo, que se ria do outro lado.
Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo. Que sorte!
Ouviu uma voz que o chamava. Quem
seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora
pequena e triangular.
Mesmo assim, quase sem tino e a
saber que era em vão que avançava, avançou.
Deu, como sempre em fofo.
Renovou a investida. Em fofo,
outra vez.
Parou. Mas então não poderia ter
fim aquele inferno? Não poderia acabar a sua miséria?
Num último esforço, avançou
quatro vezes. Nada. Apenas palmas ao actor.
Onde? Onde estaria o fim daquilo?
Subitamente, o adversário
estendeu-lhe diante dos olhos raiados o brilho frio dum estoque.
Quê?!
Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?!
Os homens tinham dessas generosidades?!
Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?!
Os homens tinham dessas generosidades?!
Calada, a lâmina oferecia-se
inteira.
Calmamente, num domínio perfeito
de si, Miura fitou-a bem.
Depois, fechou os olhos e, submisso, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.
Depois, fechou os olhos e, submisso, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.
Miguel Torga _ Os Bichos _
imagem _ Adorna Khare _
Dedicado a quem diz ou pensa . . .
Há “qualquer coisa de sagrado e muito antigo nas touradas "
e
" quem não percebe isso também não percebe a poesia , não percebe a literatura , não percebe arte "
Gosto , e muito , de poesia e todo o tipo de arte .
E
continuo a considerar a tourada um acto de . . .
Violência , Crueldade , Tortura , Covardia
A vergonha de qualauer país .
Dedicado a quem diz ou pensa . . .
Há “qualquer coisa de sagrado e muito antigo nas touradas "
e
" quem não percebe isso também não percebe a poesia , não percebe a literatura , não percebe arte "
Gosto , e muito , de poesia e todo o tipo de arte .
E
continuo a considerar a tourada um acto de . . .
Violência , Crueldade , Tortura , Covardia
A vergonha de qualauer país .
segunda-feira, novembro 19, 2018
domingo, novembro 18, 2018
Côr da Infância
/
Onde cairás morta , flor da infância ?
De súbito faltam - me as palavras .
Manuel António Pina
imagem _ Kate GReenaway _
Não existem palavras , para descrever
a dor das várias mortes desta flor .
Etiquetas:
Coisitas minhas .,
Manuel António Pina
quinta-feira, novembro 15, 2018
Côr de ... sensibilidade e valentia ??? !!!
Entrega , em 08 de Abril de 2010 , da medalha da cidade a um cabo de forcados por . . .
" sensibilidade e valentia " , próprio da arte taurina !
E
a chamada " arte " continua em prol da " defesa e liberdade de cada um. " ! .
A
grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados ( Gandhi )
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